sábado, 26 de julho de 2014

Grandes Diretores ao Longo da História e Minhas Impressões Sobre Eles - Charlie Chaplin


Biografia

Charles Spencer Chaplin nasceu em 16 de abril de 1889, em Walwroth no Reino Unido. Seus pais trabalhavam no teatro inglês e levavam uma vida humilde, o que não impediu Charlie de se apaixonar pelo mundo artístico. Começou sua carreira artística ainda na Inglaterra, quando fez pequenas participações no teatro, ainda criança. Chaplin teve uma infância difícil, em que viu o divórcio dos pais ser seguido por alcoolismo, por parte do pai, e doença, por parte da mãe. Após muita dificuldade, o jovem conseguiu espaço para se apresentar no Music Hall, dando início a sua trajetória de sucesso. Viveu tempos conturbados, como as duas Grandes Guerras e a crise de 29 nos Estados Unidos.

Em 1910, parte para uma turnê nos Estados Unidos, onde fica por dois anos. Volta para a Inglaterra em 1912, mas pouco depois decide ficar definitivamente na América. Após uma série de apresentações com a Companhia de Karno, chama a atenção de Mack Sennett, da Keystone Film Company, que o contrata para o filme Making a Living. O primeiro trabalho no cinema não foi muito satisfatório, mas Sennett acaba lhe dando uma nova chance. Na sequência, é dirigido por Mabel Normand em alguns filmes, mas logo decide assumir também a cadeira de diretor. Entre 1914 e 1916, realizou mais de 40 curtas, com destaque para O Vagabundo, em que incorporava o personagem que marcaria sua carreira, o "Carlitos".

Na pele do pobre andarilho de chapéu-coco e bengala de bambu, Chaplin começou a encantar o mundo do cinema e a conquistar muito mais espaço no imaginário da população mundial. O ator virou a cara do Cinema Mudo e pouco depois estava recebendo valores jamais imaginados para um artista. Sua fama era tanta que se tornou o primeiro ator a aparecer na capa da revista Time, em 6 de julho de 1925.

Sempre foi conhecido por seu perfeccionismo e incomodava muita gente por querer rodar a mesma tomada dezenas de vezes. Chegou, inclusive, a destruir os negativos de The Sea Gull (1933), antes mesmo de seu lançamento, por ter ficado decepcionado com o desempenho da protagonista Edna Purviance.
Após trabalhar com algumas produtoras como Essanay Studios, Mutual Film e First National, para quem realizou O Garoto (1921), Charles Chaplin decidiu fundar seu próprio estúdio. Junto com Mary Pickford, Douglas Fairbanks e D.W. Griffith, fundou a United Artists, quando adquiriu controle total da produção de suas obras. Lá, realizou clássicos como Em Busca do Ouro (1925) e O Circo (1928), e não se abalou nem mesmo com a chegada do cinema falado. Nos anos seguintes, realizou clássicos como Luzes da Cidade (1931) e Tempos Modernos (1936). Neste último, foi possível ouvir sua voz pela primeira vez, embora apenas nos créditos finais, que eram acompanhados da canção “Smile”.

Adere ao cinema falado em 1940, com O Grande Ditador, em que realiza um belo discurso final. Lançamento em meio a Segunda Guerra Mundial, o longa fez muito sucesso. Boatos davam conta, inclusive, de que o próprio Adolf Hitler assistia secretamente a obra na Alemanha.

Chaplin trabalhou como ator, diretor, produtor, roteirista, montador, compositor, diretor de fotografia e regente da orquestra. Sempre teve uma posição política de esquerda, o que desagradou o governo norte-americano durante a Guerra Fria. Foi inserido na Lista Negra de Hollywood por J. Edgar Hoover, que aproveitou uma viagem do artista para a Inglaterra para promover Luzes da Ribalta (1952), para revogar seu visto e impedi-lo de regressar aos Estados Unidos. Decidiu então permanecer na Europa, passando a morar em Vevey, na Suíça. Seu último filme foi A Condessa de Hong Kong (1967), estrelado por Marlon Brando e Sophia Loren.

Um dos momentos mais aguardados e que causou comoção na entrega dos prêmios em 1972 foi a presença de Charles Chaplin para receber um Oscar especial pelo conjunto da obra. "Palavras são tão fúteis, tão frágeis. Gostaria apenas de dizer obrigado pela honra do convite", discursou. Nos bastidores, Chaplin declarou a um repórter: "Fiquei muito honrado, mas devo admitir que comecei a fazer cinema por dinheiro. A arte veio depois, naturalmente. Nada posso fazer se as pessoas se decepcionam com essa afirmação. É a pura verdade". Morreu de causas naturais no natal de 1977. Em 3 de março de 1978 seu corpo foi roubado do cemitério onde estava, tendo sido encontrado pela polícia em 18 de maio do mesmo ano. Possui uma estrela na Calçada da Fama, localizada em 6751 Hollywood Boulevard.

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Chaplin: From Gold to Love


Charlie Chaplin foi um artista brilhante, de infinitos talentos e qualidades. Participava de todo o processo de criação e produção de um filme. Transitava em todos os ramos artísticos com excelência, na interpretação, na direção, na música, na dança ... um artista completo! É muito divertido e gostoso assistir um filme de Charlie Chaplin, não importando o tema de seus trabalhos, ele conseguia ser engraçado tratando de aspectos tristes da condição social, da exploração, da tirania, da pobreza entre outros. 

Talvez em Gold Rush, Chaplin tenha apresentado a luta e o sonho da felicidade, com suas imensas dificuldades e tristeza, que ele próprio passou na Inglaterra. O ouro, talvez represente o seu próprio sonho dourado de felicidade, compartilhado por todos, que assim como Chaplin, são condicionados a direcionar sua força vital à riqueza e o sucesso, restringindo sua visão de mundo, sufocando toda a vontade de potência a um aspecto vazio.



Em Tempos Modernos, Chaplin parece ter entendido isso, tendo desenvolvido sua análise da sociedade e do sistema capitalista. Ele retratou com inigualável brilhantismo e humor a situação do proletariado, em suas condições totalmente alienantes e paupérrimas. No início da era da linha de produção, desenvolvida por Ford e Taylor, o antagonismo e a diferença entre a classe abastada e o restante da população se tornou muito acentuado. A exploração era evidente. O indivíduo foi substituído por uma massa humana sem face, totalmente desprovida de sua essência , submetida a um trabalho repetitivo, massante, que transformava as pessoas em pouco mais do que animais. É natural, e amplamente aceito que a história da humanidade é uma história de progresso, e que estamos em sua melhor fase, ou seja, que vivemos no melhor dos mundos possíveis, como acreditava Leibniz. Isso está enraizado nos cérebros da maioria da população, e esse conceito se desenvolve ao longo da formação do homem, principalmente na escola. Falta, ao sistema educacional, levantar esses questionamentos. Mas o sistema educacional em si, em sua maioria, não passa de uma fábrica de mentes bitoladas e vazias. Fato é que, em minha visão, a história da humanidade não é uma história de progresso. Na verdade, a estrutura sempre foi a mesma. As diversas tecnologias, porém, nos fazem intuitivamente pensar o contrário. A exploração extremamente acentuada que Chaplin mostrou em Tempos Modernos, foi amenizada ao longo do tempo em alguns países, e diversos benefícios foram concedidos para mascarar a situação real. É verdade também, que em alguns países, a exploração retratada em Tempos Modernos ainda continua, senão pior. Grandes marcas famosas exploram a mão de obra de países subdesenvolvidos, até mesmo de crianças, que aceitam em troca de esmola, pra escaparem da fome. O filme de Chaplin continua atual, ainda que para ver isso, seja necessário um pouco de esforço. O Sistema da Ditadura do Sistema Capitalista, ao invés da violência, usa o entorpecimento mental pra manter a ordem vigente. 

"Ignorância é Força"
George Orwel, 1984


Em meio a um mundo confuso e cheio de sofrimento, um amor puro e sincero pode mudar tudo. Em Luzes da Cidade, que para mim é a melhor comédia romântica de todos os tempos, Chaplin mostra como o amor pode transformar um homem e potencializar suas qualidades. Mostra também, como o amor é definido a priori pela sociedade, como um sentimento é transformado, regularizado e definido, esquecendo-se suas nuances mais profundas.













quarta-feira, 23 de julho de 2014

Grandes Diretores ao Longo da História e Minhas Impressões Sobre Eles - D.W.Griffith


D. W. Griffith (1875-1948) nasceu em La Grange, Oldham Country, Kentucky, Estados Unidos, no dia 22 de janeiro de 1875. Começou a trabalhar como jornalista e balconista de livrarias. Em 1908, começou a realizar curta-metragens, tendo realizado 450 curtas até o ano de 1913. Realizou experiências inovadoras para o cinema, como o close, a montagem e os movimentos de câmera, até então, inusitados.

Seu primeiro longa-metragem foi realizado em 1914, mas o grande clássico viria em 1915, com o filme "O Nascimento de Uma Nação", sobre a guerra civil americana. Foi considerado o primeiro filme americano com maior tempo de duração. Em 1916, filmou "Intolerância", onde usou quatro histórias paralelas. No filme "Coração do Mundo", mesclou ficção e documentário usando como tema a primeira guerra mundial.

Griffith teve grande influência junto aos diretores de cinema americanos. Charles Chaplin o citava como "Grande Mestre". John Ford e Orson Welles devem a ele métodos revolucionários na montagem e edição do cinema. Griffith foi também crítico teatral, jornalista e ator ambulante. David Llewelyn Wark Griffith faleceu em Hollywood, Califórnia, no dia 23 de julho de 1948, vítima de hemorragia cerebral.





D.W. Griffith foi o responsável por dar uma grandiosidade inimaginável àquela altura ao cinema. Tanto no aspecto técnico como nos temas abordados, contando com questionamentos a sociedade, produzindo reflexões genuínas e ainda atuais. Usando como pano de fundo épocas memoráveis e guerras de extrema dificuldade de realização, mas que foram brilhantemente produzidas, graças a invenção de diversas técnicas de filmagem e montagem. Griffith pode ser considerado como o patrono do cinema como uma arte de grandeza infinita. Com certeza, os amantes da sétima arte devem muito a Griffith, por proporcionar o surgimento de uma linha de grandes obras de arte e de reflexão pessoal.




Grandes Diretores ao Longo da História e Minhas Impressões Sobre Eles - Georges Méliès






Georges Méliès (1861-1938) foi um cineasta e ilusionista francês, considerado um dos artistas mais inventivos do cinema mundial. Quando os irmãos Lumière criaram as primeiras manifestações de cinema da história, os "filmes" eram apenas gravações de pequenos eventos do cotidiano, com duração de poucos minutos ou nem isso. O primeiro de que se tem notícia é um trem chegando a estação. 



Pode parecer estranho, mas imagine só o impacto que isso causou a primeira vista. Ao longo do tempo, isso se tornou natural e algo comum. Não é estranho como a rotina faz com que as coisas mais fantásticas passem despercebidas? Quando penso nisso, lembro do filme "Contos de Nova York", que possui três contos dirigidos por Martin Scorsese, Francis Ford Coppola e Woody Allen. No conto de Woody Allen(engraçadíssimo como sempre) sua mãe desaparece num show de mágica e reaparece no céu, como uma enorme cabeça. No começo, toda a cidade se espanta enormemente, mas ao longo dos dias a vida dos cidadãos transcorre normalmente...

O que será que existe de fantástico e maravilhoso escondido pelo comum, pela rotina? É verdade, claro, que pensando na relatividade de Einstein, tudo depende do nosso ponto de referência. E isso leva a outros devaneios sobre o universo e sua natureza cheia de mistérios e dimensões diferentes, que estão muito além do que nossa percepção e razão podem entender. Mas isso é assunto para Tarkovsky e Kubrick...kkkk.

Enfim, voltando a faca fria, o cinema era uma atração secundária, passada em conjunto, em circos e outros tipos de shows. Georges Méliès, pode-se dizer, foi o primeiro a utilizar o cinema como uma verdadeira fábrica de sonhos. Contando histórias baseadas nos livros de Júlio Verne, dando asas a imaginação, encantado como ninguém tinha encantado antes, como no filme "Viagem a Lua".



Devido a sua grande importância para os amantes do cinema, Georges Méliès foi homenageado pelo grande Martin Scorsese no filme "A Invenção de Hugo Cabret".


É interessante observar que Georges Melies chegou a construir um autômato realmente incrível, com movimentos milimetricamente calculados, que o torna de uma beleza sem igual. Descartes, muitos anos antes construiu um autômato em forma de leão. Descartes estudou a fundo o funcionamento do corpo em sua investigação filosófica. Reforçou a dicotomia entre corpo e alma, que havia sido vista em Platão. É perturbador pensar no corpo e na mente como um conjunto de estímulos respostas criado tão sofisticadamente. Será que isso reduziria nossa essência?